Dessa
então me lembro bem.
Eraamiga do peito de minha bisavó
Aparecia em nossa casa
quando o relógio dos frades
tinha já marcado 9 horas
e a corneta do quartel, tocado
silêncio.
E só se
ia quando o galo cantava.
O pessoal da casa,
como era de bom - tom
se revezava fazendo sala
Rendidos de sono, davam o fora
No fim só
ficava mesmo firme
minha bisavó.
D. Joaquina era uma velha
grossa , rombuda, aparatosa
Esquisita.
Demorona.
Cega de um olho.
Gostava de flores e de vestido novo.
Tinha seu dinheiro de contado.
Grossas contas de ouro
no pescoço.
Anéis pelos dedos.
Bichas nas orelhas
Pitava na palha
Cheirava rapé.
E era de Paracatu
O sobrinho que
a acompanhava
enquanto a tia conversava
contando " causos" infindáveis
dormia estirado
no banco da varanda
Eu fazia força de ficar acordada
esperando a descida certa
do bolo
encerrado no armário alto.
Equando este aparecia
vencida pelo sono já dormia
E sonhava com o imenso armário
cheio de grandes bolos
ao meu alcance.
De manhã cedo
quando acordava
estremunhada
com a boca amarga
- ai de mim-
via com tristeza
sobre a mesa:
xícaras sujas de café,
pontas queimadas de cigarro
O prato vazio, onde esteve o bolo,
e um cheiro enjoado de rapé.
Nenhum comentário:
Postar um comentário