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Catulo da Paixão Cearense - Poeta - Compositor
Muitos acreditam que Catulo da Paixão Cearense era um nome artístico adotado pelo famoso poeta do passado, mas não é nada disso. Esse era mesmo o seu verdadeiro nome, filho do ourives e relojoeiro Amâncio José da Paixão Cearense e de Maria Celestina Braga da Paixão, que moravam em São Luiz, no Estado do Maranhão.
Quanto à data de seu nascimento, alguns autores o identificam como sendo 8 de outubro de 1863, ao que parece ser a data mais correta, outros no entanto afirmam ser 31 de janeiro de 1866, e dizem que essa data foi arranjada para ele conseguir uma promoção num serviço público, mas isso não tem lá muita importância, pois a única diferença é o fato dele ter vivido um pouco mais ou menos.
Quando o pequeno Catulo tinha 10 anos de idade, seus pais e seus dois irmãos se mudaram para o sertão do Ceará, onde seus avós maternos, de origem portuguesa, tinham uma pequena fazenda para aqueles lados e assim eles permaneceram lá até 1880, quando Catulo, seus irmãos Gil e Gerson, e seus pais, se mudaram para o Rio de Janeiro, no bairro do Botafogo, onde o pai de Catulo abriu uma relojoaria.
Essa época em que eles moraram no sertão do Ceará, marcou profundamente a vida do pequeno Catulo, e isso ia ser sempre um registro profundo em suas obras posteriores. Quando chegou ao Rio de Janeiro, Catulo já estava com 17 anos de idade e passou a freqüentar as repúblicas de estudantes onde conheceu os compositores Anacleto de Medeiros, Quincas Laranjeiras, o flautista Viriato e o cantor Cadete, que eram os grandes nomes do Choro daquela época.
Por esse tempo aprendeu a tocar um pouco de flauta, mas achou melhor trocar pelo violão e aos 19 anos já não queria mais saber de freqüentar a escola. Apesar de Catulo ter pouco freqüentado a escola, ele sempre foi um autodidata autêntico e grande parte de sua cultura foi conseguida através de livros que adquiria, além de aprender música e fazer versos quase que naturalmente, como que já nascesse com esse dom.
Em fins dos anos de 1880, seus pais faleceram e assim foi arranjar trabalho, foi continuo e estivador, depois voltou aos estudos matriculando no Colégio Teles Meneses, traduziu poetas famosos e também passou a lecionar línguas, e logicamente freqüentava os meios boêmios da cidade. Conheceu o dono da Livraria do Povo, o livreiro Pedro da Silva Quaresma, que aceitou editar os folhetins de cordel, contendo os repertórios de modinhas, lundus e cançonetas da época.
Pouco tempo depois as suas canções já eram cantadas em gravações de Mário Pinheiro, Eduardo das Neves, Cadete e Vicente Celestino, entre outros, fazendo um grande sucesso no país inteiro, com sucessos como “Luar do Sertão”, “Ontem ao Luar” e “Caboca di Caxangá”, entre outros tantos, e publicou também diversas obras, muitas vezes reeditadas. Algumas de suas composições musicais, Catulo fez em parceria com Anacleto Medeiros, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Francisco Braga, entre outros.
Catulo foi um dos poucos poetas, e talvez o único poeta brasileiro que se tornou imensamente popular ainda em vida, recebendo todas as glórias e honras, além de admiração de todos. Sabia como ninguém explorar suas qualidades para o seu sucesso. Apesar disso tudo morreu muito pobre, pois torrava tudo que ganhava em suas boemias.
Os seus últimos dias foram num barracão, numa rua em Engenho de Dentro, que atualmente é conhecido como rua Catulo da Paixão Cearense, no subúrbio carioca. Catulo morreu no dia 10 de maio de 1946, aos 83 anos de idade. Foi embalsamado e exposto à visitação pública até o dia 13 de maio, quando foi enterrado no cemitério Francisco de Paula, no Largo do Catumbi, ao som de “Luar do Sertão”, seu maior sucesso.
A toada “Luar do Sertão”, música cantada desde Vicente Celestino a Maria Bethânia, fala com versos ingênuos a vida campestre e encanta pela simplicidade melódica, que Catulo sempre defendeu em toda a sua vida como sendo o único autor, mas atualmente também se dá crédito da melodia a João Pernambuco.
Foto - João Pernambuco e Catulo
Segundo historiadores, João Pernambuco teria modificado de uma canção anônima, um tema folclórico conhecido por “É do Maitá” ou “Meu Engenho é do Humaitá”, e mostrado a Catulo que colocou a letra nela. João Pernambuco era um homem simples, sequer alfabetizado era ele. Viveu entre 1883 a 1947, e foi admirado por Villa-Lobos, Almirante, e outras personalidades. No dia de seu enterro, Pixinguinha, Donga e alguns outros amigos, cantaram “Luar do Sertão” em sua homenagem.
Vídeo
A Flor do Maracujá
de Catulo da Paixão Cearense
Encontrando-me com um sertanejo,
Perto de um pé de maracujá, Eu lhe perguntei: Diga-me caro sertanejo, Porque razão nasce branca e roxa, A flor do maracujá?
Ah, pois então eu lhi conto,
A estória que ouvi contá, A razão pro que nasci branca i roxa, A frô do maracujá. Maracujá já foi branco, Eu posso inté lhe ajurá, Mais branco qui caridadi, Mais brando do que o luá.
Quando a frô brotava nele,
Lá pros cunfim do sertão, Maracujá parecia, Um ninho de argodão. Mais um dia, há muito tempo, Num meis que inté num mi alembro, Si foi maio, si foi junho, Si foi janeiro ou dezembro.
Nosso sinhô Jesus Cristo,
Foi condenado a morrê, Numa cruis crucificado, Longe daqui como o quê, Pregaro cristo a martelo, E ao vê tamanha crueza, A natureza inteirinha, Pois-se a chorá di tristeza.
Chorava us campu,
As foia, as ribeira, Sabiá tamém chorava, Nos gaio a laranjera, E havia junto da cruis, Um pé de maracujá, Carregadinho de frô, Aos pé de nosso sinhô.
I o sangue de Jesus Cristo,
Sangui pisado de dô, Nus pé du maracujá, Tingia todas as frô, Eis aqui seu moço, A estória que eu vi contá, A razão proque nasce branca i roxa, A frô do maracujá
Flor amorosa
de Catulo da Paixão Cearense e Joaquim Calado
Flor amorosa, compassiva, sensitiva, vem porque
É uma rosa orgulhosa, presunçosa, tão vaidosa Pois olha a rosa tem prazer em ser beijada, é flor, é flor Oh, dei-te um beijo, mas perdoa, foi à toa, meu amor Em uma taça perfumada de coral
Um beijo dar não vejo mal
É um sinal de que por ti me apaixonei
Talvez em sonhos foi que te beijei
Se tu pudesses extirpar dos lábios meus Um beijo teu tira-o por Deus Vê se me arrancas esse odor de resedá
Sangra-me a boca, é um favor, vem cá
Não deves mais fazer questão Já perdi, queres mais, toma o coração Ah, tem dó dos meus ais, perdão Sim ou não, sim ou não Olha que eu estou ajoelhado
A te beijar, a te oscular os pés
Sob os teus, sob os teus olhos tão cruéis
Se tu não me quiseres perdoar Beijo algum em mais ninguém eu hei de dar Se ontem beijavas um jasmim do teu jardim
A mim, a mim
Oh, por que juras mil torturas Mil agruras, por que juras? Meu coração delito algum por te beijar não vê, não vê Só por um beijo, um gracejo, tanto pejo Mas por quê?
Ao luar
de Catulo da Paixão Cearense
Vê que amenidade
Que serenidade Tem a noite em meio Quando em brando enleio Vem lenir o seio De algum trovador! O luar albente Que do bardo a mente No silêncio exalta Chora tua falta Rutilante estrela De eteral candor
Vem meu anjo agora
Recordar nest’hora Nosso amor fanado Quando eu a teu lado Mais que aventurado Por te amar vivi! Quero a fronte tua Ver à luz da lua Resplendente e bela Descerra a janela Que eu não durmo as noites Só pensando em ti!
Até as flores mentem
de Catulo da Paixão Cearense
Em um jardim à beira-mar
(fazia um luar de níveo albor E o céu sem véu tinha o fulgor Da cor do meu primeiro amor) Estava ali a meditar A meditar pensando em ti Quando uma flor estando a sonhar Do nosso amor falar ouvi
Compaixão! À flor eu disse então:
Ó tu que o coração conheces dela Dize a mim se é vero o seu amor! E a flor sonhando ainda Assim me diz, assim:
"Ó feliz, tu és poeta!
A tua mais dileta flor A nossa irmã de mais candor Tem amor a ti ardente Somente vive por te amar E morrerá por te adorar!"
E a rosa ouvindo assim falar
Senti minh’alma a Deus voar E de prazer, cheio de amor Ia na flor um beijo dar… E ouvi então a flor dizer: "Eu quis magoar teu coração Eu quis zombar da tua dor A ti não tem, não tem amor!"
Luar do Sertão
de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco
Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão
Oh, que saudade do luar da minha terra
Lá na serra branquejando folhas secas pelo chão
Esse luar lá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão
Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia
E a canção e a lua cheia a nos nascer do coração
Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão
Coisa mais bela neste mundo não existe
Do que ouvir-se um galo triste
No sertão se faz luar
Parece até que a alma da lua é que descanta
Escondida na garganta desse galo a soluçar
Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão
Ah, quem me dera que eu morresse lá na serra
Abraçada à minha terra
E dormindo de uma vez
Ser enterrado numa grota pequenina
Onde à tarde a surunina
Chora a sua viuvez
Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão
Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão.
Ai de Mim!
de Catulo Paixão Cearense
Foi um sonho te querer com doido amor
Foi loucura penhorar-te o coração Dá-me mesmo assim ferido esse penhor Não te peço nem te imploro gratidão Guardo dentro deste peito por te amar Uma dor que sempre e sempre cresce mais Nem a tua ingratidão me vem matar Nem a tua ingratidão me abranda os ais Ai de mim! Ai de mim! Por que matar-me assim? Por que matar-me assim? Este amor, ó este amor, me foi fatal Nunca mais o meu sossego encontrarei Tu, travessa, sorridente e jovial Eu, em busca de minh’alma que te dei Mas não posso te dizer por que razão É mais doce o azedume desta dor Serei teu e teu será meu coração Não te posso, ó não, negar tão santo amor!
Ontem ao Luar
de Catulo da Paixão Cearense e Pedro Alcântara
Ontem ao luar, nós dois em plena solidão
Tu me perguntaste o que era a dor de uma paixão.
Nada respondi, calmo assim fiquei,
Mas fitando o azul do azul do céu
a lua azul eu te mostrei.
Mostrando a ti, dos olhos meus correr senti
uma nívea lágrima e assim te respondi.
Fiquei a sorrir por ter o prazer
de ver a lágrima dos olhos a sofrer.
A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que só sei sentir?
É mister sofrer, para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunta ao luar, travesso e tão taful,
De noite a chorar na onde toda azul,
Pergunte ao luar, do mar à canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão
Se tu desejas saber o que é o amor e sentir
O seu calor, o amaríssimo travor do seu dulçor,
Sobe o monte à beira mar, ao luar,
Ouve a onda sobre a areia lacrimar,
Ouve o silêncio a falar na solidão do calado coração
A penar e a derramar os prantos seus,
Ouve o choro perenal, a dor silente universal
Que é a dor maior... que é a dor de Deus...
Que é a dor maior... que é ador de Deus...
Os Olhos Dela
de Catulo da Paixão Cearense e Irineu de Almeida
Eu sou capaz de confessar
Aos pés de Deus
Que eu nunca vi em mundo algum
Un olhos como os teus
Eu não sei mesmo
Como os hei de comparar, não sei
Eu já tentei cantar
O teu divino olhar
Depois de tanto versejar
Debalde em vão
Depois de tanto apoquentar
A minha inspiração
Cheguei à triste conclusão
De que eu só sei sofrer
E o que teus olhos são
Não sei dizer
Deixa-te estar que quando eu morrer
Irei verter os prantos meus nos céus
Hei de contar em segredo a Deus
As travessuras desses olhos teus
Hei de mostrar ao Senhor Jesus
Ao Pai nos céus, apiedado
Meu coração crucificado
Nos braços teus de luz
Os olhos teus são lágrimas do amor
Os olhos teus são dois suspiros de uma flor
S]ao dois soluços d´alma
São dois cupidos de poesia
Que sinfonia tem o teu olhar
Que até às vezes já nos faz chorar!
Ai, quem me dera me apagar assim
À luz do teu olhar!
Os olhos teus
Quando nos querem castigar
Parecem dois astros de gelo
Que nos vêm gelar
Mas quando querem nos ferir
Direito o coração
Eu não te digo não
O que os teus olhos são
Pois quando o mundo quiser
De vez findar
Basta acendê-lo com um raio
Desse teu olhar
Que os olhos todos das mulheres
Que mais lindas são
Dos olhos teus
Não têm a irradiação
Recorda-te de Mim
de Catulo da Paixão Cearense
Recorda-te de mim quando de tarde
Gloriosa a morrer na luz do dia
E nos seios da noite a serrania
Em candores de neve se ocultar
Recorda-te de mim nesse momento
As estrelas saudosas do penar
Recorda-te de mim quando alta noite
Escutares um canto de tristeza
Descontando por toda a natureza
Nos formosos harpejos do luar
Recorda-te de mim quando acordares
E sentires no peito do adolescente
Um espirito em mágoa florescente
Uma hora em teu peito a suspirar
Recorda-te de mim quando no templo
Numa prece serena, doce e fina
Sob o altar florescido de Maria
Teus segredos à Virgem confiar
Recorda-te de mim nesse momento
Para que minha dor tenha um alento
E me deixe morrer com o pensamento
De que morro feliz só por te amar
Talento e Formosura
de Catulo da Paixão Cearense e Edmundo Otávio Ferreira
Tu podes ben
Guardar os dons da formosura
Que o tempo um dia
Há de implacável trucidar
Tu pode bem
Viver ufana de ventura
Que a natureza
Cegamente quis te dar
Prossegue embora
Em flóreas sendas sempre ovante
De glórias cheia
No teu sólio triunfante
Que antes que a morte
Vibre em ti funéreo golpe seu
A natureza irá roubando
O que deu
E quanto a mim
Irei cantando o meu ideal de amor
Que é sempre novo
No viçor da primavera
Na lira austera
Em que o Senhor me fez tão destro
Será meu estro
Só do que for imortal
Terei mais glória
Em conquistar com sentimento
Pensantes almas
De varões de alto saber
E com amor
E com pujança de talento
Fazer um bardo
Ternas lágrimas verter
Isto é mais nobre
É mais sublime e edificante
Do que vencer
Um coração ignorante
Porque a beleza é so matéria
E nada mais traduz
Mas o talento é só espirito
E só luz
Descantarei na minha lira
As obras-primas do Criador
O mago olor da flor
Desabrochando à luz do luar
O incenso d´água
Que nos olhos faz
A mágoa rutilar
Nuns olhos onde o amor
Tem seu altar
E o vende mar que se debruça
N´alva areia a espumejar
E a noite que soluça
E faz a luz soluçar
E a Estrela Dalva
E a Estrela Vésper languescente
Bastam somente
Para os bardos inspirar
Mas quando a morte
Conduzir-te à sepultura
O teu supremo orgulho
Em pó reduzirá
E após a morte
Profanar-te a formosura
Dos teus encantos
Mais ninguém se lembrará
Mas quando Deus
Fechar meu olhos sonhadores
Serei lembrado
Pelo bardos trovadores
Que os versos meus hão de na lira
Em magoas tons gemer
Eu morto embora
Nas canções hei de viver
Templo Ideal
de Catulo da Paixão Cearense e Albertino Pimentel
Olha estes céus, ó anjo, iluminados
De corações sofrentes e magoados
E o teu candor na tele cérula a brilhar
sob um trasflor de madrepérola
De versos consagrados
Com camafeus, opalas e turquesas
E as ametistas que tu exalas no falar
Com o éter da saudade, eterno marmor de sogrer
Um templo ideal eu vou te erguer
A teus pés terás a hiperdúlia da poesia
Ave-Maria dos meus ais!
Consagração do pranto deste santo coração
Virgíneo escrinio da ilusão
Ó, teus pés florei!
Com os meus estremos
Que são fluídos crisântemos
Deste amor com que te amei
Mandei a minha dor soluçar
Num resplendor de diademar
Do coração de essências lacrimosas
Que eu marchetei de rimas dolorosas
Fiz um míssil espiritural que adiamantei
Filigranei com os alvos lírios
Destas lágrimas saudosas
O teu altar num pedestal de mágoas
Eu fiz das águas do Jordão do meu penar
Tens uma grinalda em tua fronte constelei
Versos passionais
Meigas violetas, borboletas
Das ideías, orquídeas dos meus ais
Voai, saudosos, primorosos
Dulcorosos beija-flores
Dos tristores que eu lhe fiz dos amargores
Doces hóstias multicores
E um túríbulo da dores
Cujo incenso é a inspiração
Com amor e pura santidade
Guardo o culto da saudade
No meu coração
Eis o teu templo de aurirais fulgores
Que eu perfumei só com o ideal das flores
Arcanjos de ouro tendo às mãos ebúrneas liras
E a teu pés cantando em coro
Sobre um trono de safiras
Nos pedestais dos róseos alabastros
Verás dois astros: Tasso e Dante a soluçar!
Sobre o teu altar e debruçado em áurea cruz
Meu coração numa explosão de luz
Tu passaste por este jardim
de Catulo da Paixão Cearense e Alfredo Dutra
Tu passaste por este jardim!
Sinto aqui certo odor merencório
Desse branco e donoso jasmim
Num dilúvio de amoras pendeu
Os arcanjos choraram por mim
Sobre as folhas pendidas do galho
Que a luz de seus olhos brilhantes verteu
Tu passaste, que de quando em quando
Vejo nas rosas no hastil lacrimado
Das corolas de todas as flores
As minhas angústias, abertas em flores
Neste ramo que ainda se agita
Uma roxa saudade palpita
E esse cravo, no ardor dos ciúmes
Derrama os perfumes num poema de amor
De um suspiro deixaste o calor
Neste cálix de neve, estrelado
Neste branco e gentil monsenhor
Vê-se os íris de um beijo esmaltado
Tu deixaste num halo de dor
Nas violetas magoadas, sombrias
A tristeza das ave-marias
Que rezam teus lábios à luz do Senhor
Vejo a imagem da minha ilusão
Nessa rosa prostrada no chão
Meus afetos descansas nos leitos
Deste lindo amores-perfeitos
Como chora o vernal jasmineiro
Que me lembra o candor de teu cheiro!
Este cravo sangüíneo é uma chaga
Que se alaga no rubor da cor
As gentis magnólias em vão
Muito invejam teu rosto odoroso
Rosto que tem a conformação
De um suspiro adejando saudoso
E esses lírios têm a presunção
De imitar em seus níveos brancores
Esses dois ramalhetes de amores
Andores de flores num seio em botão
Vai ó Meu Amor, ao Campo Santo
de Catulo da Paixão Cearense e Irineu de Almeida
Tu, tu não queres crer como eu te quero!
Venero o teu amor, que é minha vida
Tudo nesta dor do mundo espero
Sou poeta e sou cantador, ó alma indinfa!
Sobre o coração que me consome
A rutilar luz diamante do teu nome
Sei que o meu penar será infindo
Irei cumprindo o que Deus determinar
Hás de chorar a minha desventura
Quando eu repousar na gelidez da sepultura
Hás de lamentar os sofrimentos
Tantos tormentos que sofri
Enquanto vivo aqui por ti
Vai, vai ó meu amor ao campo santo
Verás a minha cruz lá num recanto!
Vai, que lá verás cheias de odores
Numa genuflexão algumas flores
Vai e uma por uma sem ter medo
Colhe essas flores - a meiguice de um segredo
São os versos d´alma que eu não disse
E enfim dizer, dizê-los só, quando eu morrer
Um Boêmio no Céu (O Boêmio com Temor à São Pedro)
de Catulo da Paixão Cearense
Meu Pai, será um crime imperdoável
Perguntar-vos por onde vaga o Monstro,
O Judas, vendedor do Pai Divino?
Queres que eu seja franco?
Nem eu mesmo
Posso informart-e sobre o teu destino!
Através de seu cérebro bizarro
Que pensas desse tigre, dessa hiena?
Eu lhe voto rancor, ódio produndo,
Mas lamento, Senhor, sua desgraça,
E desse vil herói chego a ter pena
Senhor, ouso dizer, humildemente
Á vós que renegastes Jesus Cristo,
A vós, que o grande Mestre bendiz
que não existe coração perverso,
mas coração feliz ou infeliz.
Vós deveis ser a Judas muito grato,
Perdoar de coração esse bandido,
O maior dos maiores condenados,
Que ficam para sempre relembrados,
Esses homens fecais feitos de pús,
Pois se foi certo que vendeu a Cristo
Também foi certo que, ao beijar-lhe a face
Lhe deu glória universal da cruz
Sem esse grande miserável, ... Judas,
Exisitiria Deus, .... mas não, Jesus.
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Este Blog é para expor publicações periódicas que contribuam para desenvolver atividades artísticas culturais e recreativas dentro de uma postura construtiva através da Pedagogia da Animação, ampliando diversos conceitos da qualidade total nas áreas de Recreação, Folclore, Literatura e Música. Produzindo conhecimentos interdisciplinares no aprimoramento da cidadania.
domingo, 9 de setembro de 2012
CATULO DA PAIXÃO CEARENSE CORREIO ELETRÔNICO
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Boa noite. Me chamo Mylena e estou procurando a música feita do poema "Um Segredo" de Catulo da Paixão Cearense. Sei que ela existe, mas não sei quem colocou a melodia e nem mesmo quem gravou. ficaria muito grata se puder me ajudar. Att, Mylena Bottecchia.
ResponderExcluire-mail: mylena.bottecchia@gmail.com
Boa noite. Me chamo Mylena e estou procurando a música feita do poema "Um Segredo" de Catulo da Paixão Cearense. Sei que ela existe, mas não sei quem colocou a melodia e nem mesmo quem gravou. ficaria muito grata se puder me ajudar. Att, Mylena Bottecchia.
ResponderExcluire-mail: mylena.bottecchia@gmail.com