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Ela é feita com carinho e trato
De barro forte, palha e estaca,
Fica sempre no meio do mato;
Sua estrutura é o que destaca.
Na entrada, uma porta; uma janela;
Um pé de flor. Seja qual tipo que for.
E lá no seu interior um brilho intenso,
Vindo daquele abraço tão acolhedor.
Não tem número de identificação.
As redes penduradas nas paredes
Para pescar, adormecer e sonhar
Acolhem o sono, a fome e a sede.
Um candeeiro de lata de flandres,
Com querosene e de longo pavio,
Bem posto em uma meia- parede,
Ilumina os cômodos, em desafio.
Também tem um radio de pilha
Para ouvir as notícias e cantorias
Que acalentam a dura distância
Entre sonhos e a rotina dos dias.
Uma quartinha no canto da sala
É coberta por um pano bordado;
O bornal, a foice e a espingarda
Aguardam o destino procurado.
O fogão de lenha ou coivara teima
Em queimar aquele feijão de corda,
Com o pedaço de toucinho magro,
Na panela de barro, até sua borda.
O pote guarda o líquido precioso.
O pilão, próximo ao pé do moinho,
Ambos inimigos do café e do milho
Os mastigam sem dó, em desalinho,
Em seu oitão, um pé de pião roxo
Para espantar agouros vindouros;
Uma enxada já muito enferrujada
Espera a chuva, o melhor tesouro.
Alguns passarinhos ali aparecem
E cantam as tristezas em sinfonia;
Calangos se arrastam lentamente.
As cobras cobram a comida do dia.
A lagartixa se arrasta na cumeeira,
Empreendendo caçada aos insetos;
O sapo-cururu em seu canto incha,
Engolindo faísca ou outros objetos.
Tamboretes fornidos de madeira
Testemunham as prosas da noite,
O brilho triste de todas as estrelas
E aquele vento quente em açoite.
Os pés de jurema dão pena de se ver;
Verde por fora que lá dentro choram
A sina provocada pela mãe-natureza
E pela avareza dos que ali não moram.
O pé de mandacaru anuncia a seca;
O urubu passeia lá no céu cinzento;
O jumento na estrada em linha reta
Carrega seu dono em seu desalento,
Um rangido triste e seco da cancela
É a certeza de uma partida sentida
E a incerteza perdida lá dentro dela
Que emoldura aquela casa erguida.
Os morcegos em seus voos noturnos
Procuram água, refúgio e alimentos;
A rasga-mortalha em um pau d’arco,
Em silêncio, vigia funestos eventos.
A lua em cima da serra acinzentada
Traz o clarão daquela luz prateada,
Iluminando, por inteiro, o terreiro,
Aquele bem varrido, sem a calçada.
É o porto de sofrimento e solidão
Que traz a merecida companhia
Os filhos franzinos e pequeninos,
Sem infância digna e sem alegria.
Mesmo sendo pobre esta casa nobre,
Tão longe do conceito do bem-estar,
Tem a luz própria que Deus lhe cobre
E lhe dá o valor verdadeiro de um lar.
De barro forte, palha e estaca,
Fica sempre no meio do mato;
Sua estrutura é o que destaca.
Na entrada, uma porta; uma janela;
Um pé de flor. Seja qual tipo que for.
E lá no seu interior um brilho intenso,
Vindo daquele abraço tão acolhedor.
Não tem número de identificação.
As redes penduradas nas paredes
Para pescar, adormecer e sonhar
Acolhem o sono, a fome e a sede.
Um candeeiro de lata de flandres,
Com querosene e de longo pavio,
Bem posto em uma meia- parede,
Ilumina os cômodos, em desafio.
Também tem um radio de pilha
Para ouvir as notícias e cantorias
Que acalentam a dura distância
Entre sonhos e a rotina dos dias.
Uma quartinha no canto da sala
É coberta por um pano bordado;
O bornal, a foice e a espingarda
Aguardam o destino procurado.
O fogão de lenha ou coivara teima
Em queimar aquele feijão de corda,
Com o pedaço de toucinho magro,
Na panela de barro, até sua borda.
O pote guarda o líquido precioso.
O pilão, próximo ao pé do moinho,
Ambos inimigos do café e do milho
Os mastigam sem dó, em desalinho,
Em seu oitão, um pé de pião roxo
Para espantar agouros vindouros;
Uma enxada já muito enferrujada
Espera a chuva, o melhor tesouro.
Alguns passarinhos ali aparecem
E cantam as tristezas em sinfonia;
Calangos se arrastam lentamente.
As cobras cobram a comida do dia.
A lagartixa se arrasta na cumeeira,
Empreendendo caçada aos insetos;
O sapo-cururu em seu canto incha,
Engolindo faísca ou outros objetos.
Tamboretes fornidos de madeira
Testemunham as prosas da noite,
O brilho triste de todas as estrelas
E aquele vento quente em açoite.
Os pés de jurema dão pena de se ver;
Verde por fora que lá dentro choram
A sina provocada pela mãe-natureza
E pela avareza dos que ali não moram.
O pé de mandacaru anuncia a seca;
O urubu passeia lá no céu cinzento;
O jumento na estrada em linha reta
Carrega seu dono em seu desalento,
Um rangido triste e seco da cancela
É a certeza de uma partida sentida
E a incerteza perdida lá dentro dela
Que emoldura aquela casa erguida.
Os morcegos em seus voos noturnos
Procuram água, refúgio e alimentos;
A rasga-mortalha em um pau d’arco,
Em silêncio, vigia funestos eventos.
A lua em cima da serra acinzentada
Traz o clarão daquela luz prateada,
Iluminando, por inteiro, o terreiro,
Aquele bem varrido, sem a calçada.
É o porto de sofrimento e solidão
Que traz a merecida companhia
Os filhos franzinos e pequeninos,
Sem infância digna e sem alegria.
Mesmo sendo pobre esta casa nobre,
Tão longe do conceito do bem-estar,
Tem a luz própria que Deus lhe cobre
E lhe dá o valor verdadeiro de um lar.
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