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Este Blog é para expor publicações periódicas que contribuam para desenvolver atividades artísticas culturais e recreativas dentro de uma postura construtiva através da Pedagogia da Animação, ampliando diversos conceitos da qualidade total nas áreas de Recreação, Folclore, Literatura e Música. Produzindo conhecimentos interdisciplinares no aprimoramento da cidadania.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

CONTINUAÇÃO DE ANTIGUIDADES - CORA CORALINA



D. Joaquina Amâncio

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Dessa  então me lembro bem.
Eraamiga do peito de minha bisavó
Aparecia em nossa casa
quando o relógio dos frades
tinha já marcado  9 horas
e a corneta do quartel, tocado
silêncio.
E só  se ia quando o galo cantava.

O pessoal da casa,
como era de bom - tom
se revezava fazendo sala
Rendidos de sono, davam o fora
No fim só  ficava mesmo firme
minha bisavó.

D. Joaquina era uma velha
grossa , rombuda, aparatosa
Esquisita.
Demorona.
Cega de um olho.
Gostava de flores e de vestido novo.
Tinha seu dinheiro de contado.
Grossas contas de ouro
no pescoço.

Anéis pelos dedos.
Bichas nas orelhas
Pitava na palha
Cheirava rapé.
E era de Paracatu
O sobrinho que  a acompanhava
enquanto a tia conversava
contando " causos" infindáveis
dormia estirado
no banco da varanda
Eu fazia força de ficar acordada
esperando a descida certa
do bolo
encerrado no armário alto.
Equando este aparecia
vencida pelo sono já dormia

E sonhava com o imenso armário
cheio de grandes bolos
ao meu alcance.

De manhã cedo
quando acordava
estremunhada
com a boca amarga
- ai de mim-
via com tristeza
sobre a mesa:
xícaras sujas de café,
pontas queimadas de cigarro
O prato vazio, onde esteve o bolo,

e um cheiro enjoado de rapé.

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