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Este Blog é para expor publicações periódicas que contribuam para desenvolver atividades artísticas culturais e recreativas dentro de uma postura construtiva através da Pedagogia da Animação, ampliando diversos conceitos da qualidade total nas áreas de Recreação, Folclore, Literatura e Música. Produzindo conhecimentos interdisciplinares no aprimoramento da cidadania.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O NORDESTINO RECLAMA: CADÊ A TRANSPOSIÇÃO

O nordestino reclama: cadê a transposição

Cordel


O camponês sertanejo
Está sem rumo e sem planos
Que a seca de longos anos
Tem lhe tirado o desejo
De viver no lugarejo
Vendo a sua criação
Sem ter pasto nem ração
Com sede bebendo lama
O nordestino reclama
Cadê a transposição?

Sem cair chuva na terra
Nada pode prosperar
Quem é que pode ficar
Morando num pé de serra
Ouvindo a cabra que berra
Sem ter leite pro marrão
Que sugando o peito em vão
Mastiga a teta e não mama
O nordestino reclama
Cadê a transposição?
          
Quem olha para a caatinga
Não enxerga uma só folha
Do céu não cai uma bolha
Das nuvens água não pinga
Só parece ser mandinga
Que botaram no sertão
Ninguém faz mais oração
Nem rouba santo de fama
E o nordestino reclama
Cadê a transposição?

De Dom João imperador
Até Dilma presidenta
Essa obra arregimenta
O voto do eleitor
Deputado, senador
Faz promessa em eleição
Ministro da integração
Não conclui esse programa
E o sertanejo reclama
Cadê a transposição?
Obra de cinco bilhões
Estimada no começo
Mais de oito, hoje é o preço
E poucas explicações
São muitas contradições
Nessa mega operação
Enquanto isso o povão
Padecendo horrível drama
E o nordestino reclama
Cadê a transposição?

         
Prometendo levar água
Pra mais de doze milhões
De pessoas nos sertões
Por enquanto só há mágoa
E uma enchente que deságua
Do rosto de cada irmão
Que sem ter outra opção
Bebe o pranto que derrama
E o nordestino reclama
Cadê a transposição?

          
Desde quando começou
Essa obra faraônica
Uma cifra astronômica
O nosso povo pagou
Diversas vezes parou
Sob muita alegação
Pra fazer nova adição
Em contrato e cronograma
E o nordestino reclama
Cadê a transposição?

         
Pra trezentas e noventa
Cidades de quatro estados
Canais e tubos levados
Pra nos livrar da tormenta
É isso que se argumenta
Pro povo da região
Mas por enquanto essa ação
Não mudou o panorama
E o nordestino reclama
Cadê a transposição?



          
É grande a calamidade
Na região sertaneja
As TVs, jornais e a “veja”
Mostrando a realidade
Que passa cada cidade
No mais distante rincão
O sol quente racha o chão
Seca açude e murcha a rama
E o nordestino reclama
Cadê a transposição?

          
Eu já vi pelos jornais
E não foi só uma vez
O pobre do camponês
Perdendo seus animais
Quanta falta a água faz
Pra planta e pra criação
Um canal de irrigação
Resolveria esse drama
E o nordestino reclama
Cadê a transposição?

          
Pernambuco e Ceará
E o Rio Grande do Norte
Padeceram com a morte
Do gado que havia lá
E a Paraíba está
Na mesma situação
Assistindo a aflição
De cada rês que se acama
E o nordestino reclama
Cadê a transposição?

          
Enquanto a chuva não vem
Pra reduzir o problema
Continua esse dilema
E o povo fica refém
A gente espera que alguém
Com poder de decisão
Resolva essa embromação
E acelere esse programa
Que o nordestino reclama
Cadê a transposição.

Nós não vamos esquecer
Da seca em copa do mundo
Hora, minuto e segundo
Vamos cobrar e torcer
Ninguém vai se convencer
Com “esmolas”, circo e pão
Em tempo de eleição
Que eu já conheço essa trama
No estádio a gente clama:
Cadê a transposição

          
Não sou poço de bondade
Nem trago o rei na barriga
Mas quero que alguém me diga
Se não falei a verdade
Por favor, por caridade
Respeite essa opinião
Eu também sou cidadão
E esta terra a gente ama
Pra defendê-la se inflama
Cadê a transposição?
Paulo Robério Rafael MarquesPetrolina, PE

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