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Este Blog é para expor publicações periódicas que contribuam para desenvolver atividades artísticas culturais e recreativas dentro de uma postura construtiva através da Pedagogia da Animação, ampliando diversos conceitos da qualidade total nas áreas de Recreação, Folclore, Literatura e Música. Produzindo conhecimentos interdisciplinares no aprimoramento da cidadania.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

DIÁRIO DO CIDADÃO, CORDEL

Diário do cidadão

Cordel


Vou agora lhes contar
Uma historia real
Vivida por muitos
Neste mundo desigual
Lutas e batalhas
Contadas no jornal.
Às vezes acaba bem
Outras em pranto
A realidade sofrida dói
Parecendo fúnebre canto
Trazendo tristezas mil
E muito desencanto.
Maria é uma garota
Simpática e elegante
Acorda toda a favela
Tão cedo, mas brilhante
O povo fica esperançoso
Com sua alegria contagiante.
José é vizinho da Maria
Por quem tem afeto
Porém, é tímido
Olhar discreto
Apenas diz: bom dia?
De um jeito secreto.
José tem dois irmãos
Antônio e Júlio são eles
Estudam no mesmo lugar
Do modo deles
Acordam muito cedo
Esperança não falta neles.
Amanhece o dia claro
Surge José e companhia
Tagarelando como ninguém
Sem agonia
Andam vagarosamente
Observando a maresia.
Urubus parecem símbolos
Espalhando o lixo largado
Pelos sem compreensão
Para os garotos, desagrado
Ainda não se acostumaram
Com aquele enfado.
Naquela situação
Maria alegre surgia
Transformando o clima
Sorrindo, desejando - bom dia!
José ficava gelado
Parecendo uma gia.
Seguiam seus rumos
Os garotos como ninguém
Faziam piadas de tudo
O jeito era descontraírem
Parar, nem pensar,
Pois queriam ir além.
Descia a ladeira, Maria
Com seu tabuleiro de amendoim
Acordando os que ainda dormiam
Andando feito um manequim
Ganhar seu pão na praia
Ajudando sua mãe assim.
Sonhando e desejando
Fazer uma faculdade
Moda era sua escolha
Longe da sua realidade
Sonho difícil, mas lutava
Sem dó, nem piedade.
Corria para o ponto
Esperava o ônibus
Sempre atrasado
Parecia bambus
Flexíveis no horário
Ficava vermelha, feito lambus.
Desta vez chega cedo
Depressa, ônibus lotado
Motorista impaciente
Atenção! Muito cuidado
Não conhecemos ninguém
Nem quem está ao lado.
Sempre atenta, alerta
Pode ter bandido armado
Querendo assaltar todos
Doido por um trocado
Reagir nem se agredido
Pode ser um drogado.
De vez em quando
Encontra um conhecido
Começa a conversar
E aparece um intrometido
O ônibus vira uma festa
Todos falando do metido.
Andava muito e vendia
Quase não descansava
Tinha que sobreviver
E ainda se deparava
Com o lixo na praia
Que a desesperava.
Situação alarmante
Preocupação sem jeito
Ninguém se importava
Gerava muito desrespeito
Ela continuava chocada
Nada poderia ser feito.
Expediente chega ao fim
Bela garota gasta
Chega ao ponto de ônibus
Sua paciência em pauta
A demora é tanta
Acaba exausta.
Ônibus lotado
Cheio de constrangimento
Com homens afoitos
Batia alguns ventos
Para aliviar aquele odor
Passado pelos nojentos.
O trânsito é um sufoco
Engarrafamento gigantesco
Gerando muito estresse
Com todo fervor grotesco
Barulho de buzinas e motor
Deixando tudo animalesco.
Demorou muito
Mas ao terminal chegou
Foi para seu ponto
De repente encontrou
José e sua trupe
ela os cumprimentou.
José a observava
Pensando no que dizer
Pensou tanto, suou frio
Parecia que queria escrever
Ficou calado por tempos
Tentando sua cabeça inverter.
Maria perguntou algo
Ele se sentiu importante
Pensou um pouquinho
respondeu o bastante
Maria sentia o mesmo
Parecia algo gritante.
O motorista apareceu
Todos entraram quietos
José sempre era o último
Tinha pessoas com netos
Ele ficava em pé
Seus irmãos bem eretos.
No caminho foi deixando
Várias pessoas pela via
Ônibus ficando vazio
Apenas um sujeito que lia
Os outros calados
Aquele silencio, utopia.
A casa se aproximava
Só subiria a ladeira
Mas aquele trânsito
Igual a uma peneira
Enchia a paciência
dando-lhes canseira.
A ladeira era grande
O ônibus parecia que virava
Todos ficavam assustados
Tudo por ali passava
Ao avistar a sua casa
Parecia que sonhava.
Chegando ao ponto final
Uma igreja bela lá existia
Todos observavam a beleza
Era singela, sem fantasia
Mas conquistava a todos
Com sua graça e magia.
De repente, do nada
Aparece, um bandido
Anuncia um assalto
Sem medo de ser punido
Roubando o suor de todos
Parecia um pouco perdido.
Maria foi refém
A gritaria começou
Com muita aflição
A doce garota chorou
Com seu sonho faleceu
Toda sua historia, desabou.
Tão querida e alegre
Em um segundo acabou
Alegria, vida e sonhos
E o amor que se afogou
Mais uma estrela no céu
Que a vida levou.
E assim, acontece
Essas histórias
No vai e vem da vida
Todos os dias
Não só desta
Mas, também de outras Marias.
Tiago Alves CastroIlhéus, BA

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