I
Sob a desolação da terra comburida
O homem depondo a enxada,
Acurvado de mágoa
Pôe o joelho no chão ,
E mal consegue dizer!
II
Deus! com o sol que dás tu me tiras a vida.
Dá-me por piedade um pouco d'água,
Para o meu pobre gado não morrer!
III
E aponta com o braço descarnado a campina,
Onde os trapos daquela imensa ruína,
Mugem com vergonha de viver.
IV
Deus! Meu cavalo ontem morreu de fome e sede.
Enterrei-o envolvido em minha rede.
Era o que tinha de melhor para lhe dar.
V
E... Sem poder dizer tudo o mais que sentia,
Os braços alongados à tarde que morria,
O homem prostou-se ao chão e começou a chorar.
E SOBRE ELE... CHOVEU A NOITE TODA, SEM PARAR.
Olegario Mariano
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