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Este Blog é para expor publicações periódicas que contribuam para desenvolver atividades artísticas culturais e recreativas dentro de uma postura construtiva através da Pedagogia da Animação, ampliando diversos conceitos da qualidade total nas áreas de Recreação, Folclore, Literatura e Música. Produzindo conhecimentos interdisciplinares no aprimoramento da cidadania.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O RIO JAGUARIBE - DEMÓCRITO ROCHA

O Rio Jaguaribe é uma artéria aberta

Por onde escorre e se perde o sangue do Ceará

O mar não se tinge de vermelho

Porque o sangue do Ceará é azul...

Todo o plasma toda essa hemoglobina

Na sístole dos invernos vai perder-se no mar.

Há milênios... desde que se rompeu a túnica das rochas nas explosões dos cataclismos ou na erosão secular

do calcáreo

do gnaisse

do quartzo

da cilicia natural...

Quanto tempo perdido!

E o pobre doente- o Ceará anemiado

Esquelético, pedinte e desnutrido

- a vasta rede capilar a queimar-se na soalheira

é o gigante com a artéria aberta

resistindo e morrendo

resistindo e morrendo

resistindo e morrendo

resistindo e morrendo

Foi espada de um Deus que te feriu

a carótida, a ti - fênix do Brasil!

E o teu cérebro ainda pensa

E o teu coração ainda pulsa

E o teu pulmão ainda respira

E o teu braço ainda constrói

E o teu pé ainda emigra

E ainda povoa.

As células mirradas do Ceará

As células mirradas do Ceará

Entumecem o protoplasma

(como os seus capulhos de algodão)

E nucleiam-se de verde

-É a cromatina dos roçados do sertão...

(ah! Se ele alcançasse um coágulo de rocha!)

E o sangue a correr pela artéria do Rio Jaguaribe...

O sangue a correr mal que é chegado

Aos ventriculos das nascentes...

O sangue a correr e ninguém o estanca...

Homens da Pátria - ouvi:

- Salvai o Ceará!

Quem é o Presidente da Rública?

Depressa:

Uma pinça hemóstática em Orós!

Homens!

O Ceará está morrendo, está esvaindo-se em sangue...

Ninguém o escuta, ninguém o escuta

E o gigante dobra a cabeça sobre o peito enorme,

E o gigante curva os joelhos

no pó da terra calcinada

e nos últimos arrancos - vai

morrendo e resistindo...

morrendo e resistindo...

morrendo e resistindo...

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