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Este Blog é para expor publicações periódicas que contribuam para desenvolver atividades artísticas culturais e recreativas dentro de uma postura construtiva através da Pedagogia da Animação, ampliando diversos conceitos da qualidade total nas áreas de Recreação, Folclore, Literatura e Música. Produzindo conhecimentos interdisciplinares no aprimoramento da cidadania.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

CRÔNICA - A BANDA POR: FRANCISCO RAFAEL PEREIRA


                         CRÔNICA

A BANDA - FRANCISCO RAFAEL PEREIRA



É interessante observar como a gente se organiza em sociedade. Na Europa quase todas as cidades têm uma Banda, uma orquestra sinfônica ou uma filarmônica. Aliás quase todas as familias têm um ou mais membros que tocam algum instrumento. É uma questão de cultura, de gosto e de poder econômico.

Por volta  de 1920 minha cidade natal, Bebedouro, hoje Aiuaba, foi tocada por este surto cultural trazido da Europa pelos padres ou por filhos de famílias abastadas que iam estudar na Europa.

Não sei bem porque motivos foram tocados para tal proeza, os rapazes resolveram formar uma Banda de Música. Uns já  eram casados, outros solteiros e alguns meninos em idade escolar. O certo foi que resolveram formar a Banda local. Meu pai optou pelo piston, meu tio pelo  Bombardino, outro parente pela tuba,. Tio  Zé Dias da Pedra Branca, um sitio afastado, os instrumentos de percussão. Francisquinho  Andrade, um moço rico, a Clarineta. Minha mãe que já era cantora do coral da Igreja, tocava a Rabeca. Todos tiveram de custear as aquisições de cada instrumento. A   Banda estava formada.

Uma coisa entretanto havia sido esquecida: Quem iria regê-la?  Quem  iria afinal  afinal ensinar os primeiros acordes, as noções de solfejo,  o andamento da música?  Ninguém sabia qualquer coisa sobre a teoria musical, harmonia,  execução,  e profilaxia dos instrumentos. Andaram  soprando e fazendo barulho na porta do comércio mas tocar não conseguiram.

Meu avô vendo aquela situação  de boa vontade e frustrações, indicou a solução do impasse: precisavam contratar um professor de Música, um organizador ou Maestro. Tomou iniciativa e encontrou um em Lavras da Mangabeira. Nossa  cidade deveria está em ótima situação econômica para poder importar um Maestro...  Ele chegou a nossa vila, carregando partituras e um  copioso acervo didático:  Bravos!

Esteve ali ensinando teoria musical, instrumentação, solfejo,  execução e harmonia  por cerca de um ano. Os parcos informantes disseram-me que o  Maestro se cansou. O aproveitamento deveria ter sido mínimo. Na verdade a vcação artística era quase nenhuma. O  Maestro demitiu-se e foi  embora . Deve ter sido uma tarefa próxima do impossivel, aquela de transformar os cabeças de bagres em verdadeiros músicos.

Tio Zé Pedro, um dos  ex - quase futuros músicos, disse - me que certo dia aós a partida do Maestro, a Banda resolveu sair  a rua, tocando para o público. Tentaram tocar um dobrado, uma das raras peças que o Maestro havia ensinado.  Naturalmente os rapazes queriam  justificar os altos  invetimentos de seus pais. A população porém nada entendeu era apenas uma barulheira enorme. Desistiram, recolheram os instrumentos que mais tarde foram vendidos para Saboeiro, onde mais tarde uma Banda foi formada.

No  Congresso Eucarístico de 1955 Padre Odorico Andrade ainda se referia a aquele tremendo esforço dos rapazes de Bebedouro onde ele havia sido vigário e arrematava: eles eram tão empolgados mas nada podiam fazer...

Francisquinho  Andrade moço rico das redondezas, foi mais perseverante. Muitos anos mais tarde saiu ládeseu sitio de Clarineta em punho, tocando uma peça, algum cântico Gregoriano que havia aprendido no Seminário.  A garotada correu em sua direção  para ver o queestava acontecendo. Ele parecia um fauno, um adorador do Deus  Pan,  numa tarde morna de verão.

Enquanto estas coisas aconteciam com a rapaziada da Banda, eu ainda não havia nascido, porém mais tarde um dia estávamos indo para o sítio Minador e seguímos a estrada da Bela Vista. Num determinado ponto a estrada bifurca-se em y; tomamos a perna da direita. Ao nos afastar deste ponto uns em metros, ouvimos uma música melodiosa e rara que alguém  vinha executando pela perna esquerda da estrada, em direção contrária. Era Francisquinho Andrade e sua Clarineta. Era o último  remanescente daquela tentativa de Banda que nunca chegou a ser.  E aquele era o último acorde daquele surto cultural.

 

... Porém chegou o momento aprazado. Aiuaba tem a mais de dez anos sua nova Banda, com músicos jovens e seu Maestro, graças a teimosia e pertinácia da professora Maria Adalzira de Oliveira. Em março de 2008 a Câmara de Vereadores local lotada pela  primeira vez, em Ato Solene oficializou o Hino de Aiuaba, da autoria de Adalzira com a presença do Prefeito, Secretários, o hit da sociedade, inclusive o homem mais idoso do lugar: Raimundo Guerreiro, seu pai... A Banda tocou o Hino da autoria de Adalzira quando ela recebia o original do Decreto- Lei  Municipal reconhecendo o Hino  Municipal e a nova Banda.  Aleluia... Salve, Salve.

 

 

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